Rua Saint Clair Valadares

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Rua Saint Clair Valadares

Uma das primeiras ruas de Buritis é a rua Saint Clair Valadares, localizada na parte baixa da cidade. Esta rua que existe desde os tempos mais antigos, quando o município ainda era uma vila, que aos poucos foi sendo colonizada no interior de Minas Gerais.

Conforme conta nossa história, as primeiras famílias que aqui chegaram concentraram as primeiras casas em volta do velho Jatobazeiro, árvore secular que resiste até os dias de hoje, na Praça Dom Elizeu.

Ali mesmo, próximo da Veredinha, os primeiros habitantes ergueram suas casas de pau a pique e também a primeira Igrejinha do povoado. A rua Saint Clair Valadares já foi em tempos remotos a principal rua de Buritis, onde grande parte da história foi registrada, onde famílias viram correr os filhos a brincar, amigos se reuniram para conversar, fim de tarde na porta das casas, na sombra do jatobá. Foi onde os primeiros namoros surgiram, caminho de visitantes, passagem de cavaleiros, carros de boi partiram e chegaram, onde os primeiros comércios surgiram. Além de ser palco dos principais festejos do lugar.

É tanta história que não dá pra contar tudo de uma só vez. Mas vamos lá, esta rua leva o nome de um homem de grande destaque na região do Vale do Urucuia, você sabe quem foi ele?

Saint Clair Fernandes Valadares era filho de Francisco José Fernandes Capanema (Pitangui) e Maria Cordeiro Valadares. Nasceu em 26 de setembro de 1871 na Fazenda Capão Grosso, distrito de Conceição dos Morrinhos, município de Paracatu, hoje município de Arinos. Estudou na terra natal, durante a sua infância seu pai contratou um professor particular, e com seis meses de aula, ele ensinava o professor.

Casou-se com Emília Pereira de Araújo e tiveram treze filhos. Em 1906, mudou-se para a fazenda Tamboril, hoje município de Arinos, onde construiu uma bela residência e formou uma fazenda avançadíssima para a época. Funcionava ali uma máquina a vapor que movia um engenho de cana, uma serraria de madeira, uma turbina de açúcar, uma fábrica de rapadura, outra de cachaça, um descaroçador de algodão e um moinho de milho. Nesta fazenda está fincado o marco do progresso da região.

Abastadíssimo fazendeiro, o Major Saint Clair gostava muito de agricultura, mas sua dedicação especial era pela farmácia. Tinha no Tamboril, a sua pequena farmácia para atender a numerosa família e os vizinhos de 15 a 30 léguas.

Em 1922 construiu uma lancha e uma canoa de tamboril com capacidade de 3 toneladas. A lancha rebocava a canoa e fazia o percurso do Porto da Ponte Alta à Foz do Urucuia no São Francisco, passando por São Romão e indo até Pirapora. No percurso de 75 léguas pelo rio Urucuia, a lancha era movida por um motor e tinha como mecânico, o seu irmão João Fernandes Pitangui e como práticos Januário Alves e João Silveira.

Trouxe de Januária para a região do alto Urucuia, o professor Benevides para lecionar no povoado de Morrinhos e na fazenda Tamboril. Possuiu naquela época, um automóvel Ford 1924 um caminhão em 1928 e uma camionete em 1941.

Saint Clair mantinha as melhores relações com o embaixador Afrânio de Melo Franco e outros correligionários da época. Numa de suas passagens por São Francisco com destino a Pirapora, em conversa com o farmacêutico Manuel Simões Caxito, falaram sobre a criação do município de São Romão, com desmembramentos dos distritos de Morrinhos, Buritis, São João do Pinduca (Joanópolis, hoje Serra Bonita) e Formoso, pertencentes ao município de Paracatu. Enviou a Belo Horizonte, nesse mesmo ano, uma Comissão levando uma carta sua ao Presidente do Estado de Minas Gerais, o Dr. Raul Soares de Moura, pedindo a criação do município de São Romão, que naquela época era distrito de São Francisco.

O Presidente do Estado autorizou então a criação do município de São Romão. Em 1 de fevereiro de 1924, mudou-se com sua família para São Romão, para instalar o município. No dia 2 de março instalou-se o município de São Romão, tendo como primeiro Presidente da Câmara, o Major Saint Clair Fernandes Valadares (não havia cargo de prefeito), Vice-Presidente Manuel Simões Caxito e mais quatro vereadores representando São Romão. Outros cinco vereadores representavam os distritos vizinhos: José Pereira da Silva (distrito de Capão Redondo), Benevides Borges Carneiro (distrito de Arinos), Lindolfo Gonçalves Sobrinho (distrito de Buritis), Minervino Ornellas (distrito de Formoso) e José da Silva Porto (distrito de Joanópolis).

Por ocasião da divisão de terras, em 1929 o Major Saint Clair doou à Câmara Municipal de São Romão, em local de bela topografia e excelente salubridade, a área de 48,40 hectares de terras destinadas a sede do distrito de Arinos.

Em 1930 fez uma parceria com seus amigos do Vale do Urucuia para construção de uma rodovia de São Romão a Formosa GO, e construiu em junho desse mesmo ano, um porto no rio Urucuia, ao qual deu o nome de Porto Novo. Em 1932, o Presidente do Estado, Olegário Dias Maciel, mandou construir a estrada que só chegou até as proximidades do Ribeirão da Areia, a morte súbita do Presidente motivou a paralisação dos serviços.

O Major Saint Clair governou, eleito, o município de São Romão de 1924 a 1936. Com o Estado Novo de 1937, foi nomeado prefeito de São Romão, cargo que exerceu até 16 de novembro de 1946, quando seguiu para tratamento de saúde em Belo Horizonte. Esteve internado no Hospital São Lucas até a sua morte, em 27 de abril de 1948.

Texto: Gilberto Valadares.

Fonte: Jornal do Urucuia – 4ª Edição – Março de 1985.

 

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