Me conta um conto: O Dia da Verdade
Em tempos de isolamento social e de muita informação em massa, a cabeça cansa e o corpo se sente vulnerável. A mente pede outras alternativas para que o pensamento não seja afetado. Por isso resolvemos publicar outros assuntos, contos, crônicas, poemas de autoria de nossos autores urucuianos. A leitura é sempre gratificante e alimenta o ser, desperta a imaginação e nos leva a um mundo fora, um pensamento distante, longe dos problemas cotidianos.
Somos obrigados a viver a realidade, somos cobrados diariamente por isso. A vida pede força, fé e união. Mas num escape, num breve momento podemos numa leitura, fugir da realidade, entregar o pensamento para o mundo das palavras, diante do riquíssimo imaginário humano.
Trazemos hoje aos nossos leitores e telespectadores um conto, simples e repleto de sentidos, vivência e emoção. Por alguns minutos saia da bolha problemática da vida e tenha no seu livre pensamento a construção da cena, como sugerir a sua imaginação.
Aproveite a leitura!
Dia da Verdade
Não querendo aqui enaltecer o chamado “dia da mentira”, mas não há como deixar de lado tudo o que se criou em torno do dia primeiro de abril. Foi em um dia desse que Rosângela se deparou com a farsa que era sua vida medíocre. Em meio à sombridade das mentiras contadas neste dia, ela foi na contramão e percebeu que sua vida era de fato um grande engano e que ela havia caído no próprio engodo que contara sobre si mesma.
Um dia inteiro de autorreflexão e foi na tarde-noite, aconchegada em uma rede de descanso e ao toque de uma brisa com um fundo musical de cantos de pássaros (Cenário propício para relaxar) que Rosângela desperta para a realidade, pois seus pensamentos vinham como um turbilhão colocando em xeque o motivo de sua existência.
_ Mas são décadas de existência conformada aos moldes deste mundo enganador, onde as pessoas vendem uma imagem de si que não condiz com sua realidade! Arrazoava consigo. Rosângela estava certa. A mudança é dolorosa e difícil, porém necessária. Em tempos de redes sociais é muito fácil transparecer o que não se é.
Outrora, Rosângela pesquisou no Google sobre o significado de seu nome e este parece ser escolhido a dedo e traz marcas de sua própria essência, A junção dos nomes “Rosa” e “Ângela”, recebe os significados de “rosa angelical”, “espécie famosa de anjo” e “espécie famosa de mensageira. Essência esta que ficou submersa na escuridão de sua vida medíocre e apagada pela correria e convivências diárias. A “Rosa” já não tinha mais perfume e cor – espinhos foi tudo o que sobrara. Angelical…não mesmo, talvez uma versão menos má das bruxas dos contos de fadas. Mensageira…talvez!? Não mais de coisas boas, pois a toxicidade dos dias leva ao compartilhamento de mensagens ruins, em sua maioria, sempre acompanhadas de uma espécie de mau agouro.
Rosângela estava decidida a retomar sua essência. Mudar hábitos, cortar e criar laços afetivos, estabelecer prioridades, espalhar luz e perfumar ambientes, fazendo o caminho de volta para se reencontrar. Sabia que isto seria um embate diário, mas a guerreira havia se decidido e naquele restante de noite traçou metas para o duelo. Sabia que perderia algumas batalhas, jamais a guerra! frase que emprestou de algum autor desconhecido para ser seu lema.
Cirlene da Silva Lima é licenciada em Letras pela Universidade de Brasília e Bacharelando em Teologia pelo Instituto de Teologia e Educação Gênesis. Atua como professora mediadora presencial do curso em Inglês Básico ofertado pelo Polo Universitário de Buritis em parceria com o IFNMG.