Família Neri

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De Felipe Pereira Neri a Ana Neri

Segundo conta o escritor Oscar Durães, os ancestrais dessa família vieram dos arredores de Jerusalém, no Oriente Médio. Chegaram em Manaus em datas desconhecidas e parte deles tornaram-se seringueiros e trouxeram grande impulso na capital.

Na mesma época, outra ramificação da família Neri se transportou para a cidade de Lençóis, na Bahia. Instalaram-se também na Chapada Diamantina, para o garimpo, e anos mais tarde para Cocos (BA), onde tomaram rumo ao Vale do Urucuia, por volta de 1902, quando por aqui chegou Firmino Pereira Neri e sua esposa, Carolina Maria da Conceição.

Os pais de Firmino, já falecidos, chamavam-se Felipe Pereira Neri e Marilda Pereira Neri. Quando aqui chegou, Firmino já era bastante idoso e faleceu pouco depois de sua chegada em Buritis. Deixou dez filhos, quase todos adultos.

Segundo conta a história dessa família, Isidoro Antonio Neri, primo de Felipe, era capitão de fragata. Este foi casado com Ana Justina Pereira Neri, mulher extraordinária, que se tornou grande figura, primeira enfermeira e heroína da história brasileira. Após a morte de seu marido, Isidoro, ela tornou-se bem conhecida como Ana Neri.

Ana Néri foi a pioneira da enfermagem no Brasil, prestou serviços voluntários, nos hospitais militares de Assunção, Corrientes e Humaitá, durante a Guerra do Paraguai. Nasceu em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia, no dia 13 de dezembro de 1814. Casou-se aos 23 anos e ficou viúva com 29 anos, quando em 1843, seu marido Isidoro, morreu a bordo do veleiro Três de Maio, no Maranhão.

Ana Néri (1814-1880)

Teve três filhos, que criou sozinha, após a morte do marido. Em 1865, o Brasil integrou a Tríplice Aliança, que lutou na Guerra do Paraguai e os filhos de Ana Néri foram convocados para lutar no campo de batalha.

Sensibilizada com a dor da separação dos filhos, no dia 8 de agosto, Ana Néri escreveu uma carta ao presidente da província oferecendo seus serviços de enfermeira para cuidar dos feridos de Guerra do Paraguai, enquanto o conflito durasse. Seu pedido foi aceito.

Em 1865, Ana partiu de Salvador em direção ao Rio Grande do Sul, onde aprendeu noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Com 51 anos, foi incorporada ao Décimo Batalhão de Voluntários, onde começou seu trabalho nos hospitais com cerca de seis mil soldados internados.

Ana Néri chamou a atenção por sua dedicação ao trabalho como enfermeira, por todos os hospitais onde passou. Com seus próprios recursos, montou uma enfermaria-modelo em Assunção, capital paraguaia, sitiada pelo exército brasileiro.

No final da guerra, em 1870, Ana voltou ao Brasil com três órfãos de guerra para criar. Foi condecorada com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe. Recebeu do imperador D. Pedro II, por decreto, uma pensão vitalícia com a qual educou sua família. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio de 1880.

A primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no Brasil foi fundada por Carlos Chagas em 1923 e em 1926 recebeu o nome de Ana Néri, em homenagem à primeira enfermeira brasileira.

Hoje, a numerosa família Neri em Buritis destaca-se na política, comunicação, inteligência, capacidade e religião, acima de tudo.

Texto: Gilberto Valadares e Lívia Alves

Fonte: Livro Raízes e Cultura de Buritis no Sertão Urucuiano – Oscar Durães e família Neri.

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